Kabbalah é Universal?

Recentemente tenho colocado alguns textos relacionando os Orixás e a Árvore da vida.

Formas Fluídicas – Questão de Arquétipos 1 / 2 / 3 — RMPU 1 / 2

Algumas pessoas podem se sentir confusas com a “mistura“ entre Umbanda e a Kabbalah Hermética e talvez até achar que o que reproduzo aqui desvirtua a nossa religião.  Na verdade, o que faço é apenas uma questão de estudo, (boa parte baseado nos textos do Marcelo Deldebbio) numa tentativa de aprofundar-me um pouco mais no mistério Orixá, e por que não dizer, ser humano.

O que segue é um excelente texto da autoria de Igor Teo do blog Artigo19 que dá uma boa noção da idéia transcendente da Cabala, ou Kabbalah.  Boa leitura.

Uma pergunta que de vez em quando nos fazem é quanto o estudo Cabalístico se apresentar como uma doutrina universal, e que a Árvore da Vida supostamente poderia ser aplicado a qualquer caso.
Quanto a isso, cabe destacar que a Árvore da Vida não é um esquema aleatório ou uma verdade absoluta. Ela é um esquema gráfico para a representação da ideia de um “ideal de transcedência”, essa última ideia sim que é encontrada em diferentes culturas de diferentes contextos do Ocidente, somente manifestada de diferentes formas. Joseph Campbell desenvolveu um estudo sobre isso baseado nos arquétipos Junguianos e publicou como a Jornada do Herói (algo encontrado na maior parte dos mitos ocidentais e nos filmes que você assiste de Hollywood). As representações da Árvore da Vida são as representações gráficas dessa ideia e como as mesmas se articulam.

Não pense que é algo fechado como uma fórmula pronta. Cada cultura tem suas particularidades e suas nuances, que faz com que cada Árvore seja totalmente única e particular em cada situação, embora encontremos tendências comuns. São as esferas da árvore, portanto, que representam as tendências da consciência humana que são parcialmente comuns. A maneira como essas tendências se organizaram é que é algo extremamente subjetivo de pessoa para pessoa, ou de cultura para cultura. Mas como todos nós compartilhamos da mesma natureza, temos similaridades.

Pense em grupo de aves. De nosso ponto de vista, todas são iguais e obedecem uma mesma natureza. Entretanto, se formos analisar individualmente cada pássaro, veremos que mesmo os animais possuem pequenas diferenciações de comportamento. Isto, no entanto, não nega que existe um comportamento que poderia ser dito “universal” (pelo menos para aquela espécie), embora exista também as idiossincrasias dentro desse universal (que é um universal particular).

As pessoas costumam tomar posições extremadas quando debatem sobre culturalismo. Alguns generalizam e querem tratar tudo como universal. Outros tratam cada caso como apenas um caso único e particular. Enfim, o que os estudos de psicologia transcultural e antropologia tem comprovado é que existem certas tendências universais que se manifestam de diferentes formas. Isso não nega as tendências universais, e tampouco nega as particularidades.

Tudo no Universo se encaixa nesse esquema? Não, claro que não. A Árvore da Vida é uma representação da consciência humana, e por isso só vale para produções humanas. Por fim, não são todas as produções humanas que podem se encaixar na Árvore da Vida, mas somente as que foram criadas para representarem a consciência humana e tocar nesse “ideal de transcendência” que parece comum a diferentes pessoas e diferentes culturas. Essas produções são, por exemplo, a maioria dos filmes Hollywoodianos, as diferentes mitologias ocidentais, e a nossa própria vida (pois nós mesmos também crescemos influenciados por esse ideal, já que somos constantemente bombardeados por essa ideia).

Vamos a um exemplo: Geburah, a esfera da energia militar, da força e severidade, que acreditamos estar presente em todo ser humano comum. Para os nórdicos, era representada pelo respeitável Thor, enquanto os gregos viam com desconfiança Ares. Perceba como a mesma “energia” é vista de forma diferente pelos diferentes povos.
Ou então, a dicotomia Hod x Netzach, razão x emoção respectivamente, que também está presente em todo ser humano. Comumente associados a personagens masculinos e femininos, vemos que na série do Harry Potter esta manifestação é invertida (a garota amiga do Harry representa Hod e o garoto representa Netzach).

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