No primeiro post, mencionei sua adaptação do RMP, originalmente criado pela Golden Dawn que introduzia a invocação, e servia como meditação, centralização e proteção.
Aí vocês dirão: “Tudo bem…e daí? Porque eu vou mentalizar Oxum ao Leste (Mar) em vez de Yemanjá?”
Para que não se torne algo puramente decorativo no melhor estilo Chicó O Alto da Compadecida …isso eu não sei, só sei que é assim… vou dar uma pequena explicação (mesmo porque não sou nenhum expert no assunto) de como funciona o RMPU.
Primeiramente torna-se necessário apresentar a Cabala Judáica:
Eis a Cabala judaica, utilizada também pelos cristãos a partir do Renascimento.
“Kabbalah” significa literalmente “Tradição”, e se refere tanto ao legado da doutrina que foi revelada aos antigos patriarcas e profetas do povo judeu, como à recepção e vivificação dessa doutrina que provém –como todo Ensino verdadeiro– da Grande Tradição Unânime.
Basta-nos por agora saber que trabalharemos especialmente com o símbolo da Árvore da Vida Sefirótica, apresentada na figura ao lado com o nome de cada uma das sefiroth ou “numerações”, ou seja, dos dez círculos (esferas no volumétrico) ou “cifras” que a compõem.
Este diagrama é um mapa do Cosmo, um modelo do universo, e é válido tanto para o homem como para a criação inteira.
Os centros e correntes de energia que conformam este diagrama estão em relação com os números e as letras sagradas, a Astrologia, a Alquimia (ou Arte das transmutações), as lâminas do jogo do Tarô, a simbólica da música e da geometria, manifestações todas da construção harmônica da mansão interna.
Este modelo é, pois, um mandala, um jogo de símbolos, um intermediário sintético entre nós e o desconhecido, através de uma série de espíritos, ou deidades, que se articulam balizando um caminho mágico evolutivo, que todos os povos do mundo conheceram, que constituía o fundamento de sua cultura, e ao que guardavam como seu mais apreciado segredo.
Esta Árvore constitui uma unidade indissolúvel e indivisível, e todas suas partes são aspectos inseparáveis dessa unidade.
A primeira sefirah, Kether (palavra que significa “Coroa”) é a realidade única, o mistério absoluto, a essência pura da qual emanam as restantes sefiroth.
A número dois, Chokhmah, a emanação primeira, é a Sabedoria divina pela qual a deidade se conhece a Si Mesma, e permite a todo ser reconhecer a Unidade em seu interior.
A terceira esfera, Binah, a Inteligência, é a Grande Mãe ou Matriz Universal, geradora de todos os mundos e seres, aos que discrimina e forma só para devolvê-los novamente ao Um. Estas primeiras três sefiroth são em realidade uma só: Kether é o Conhecimento, Hokhmah o sujeito que conhece (ativo) e Binah o objeto conhecido (passivo).
A quarta sefirah, Chesed, é a Graça, o Amor ou a Misericórdia que se irradia a toda a criação; a quinta Gueburah ou Din é o Rigor ou Juízo divino que nega tudo o que não é o Um; e Tifereth, a sexta, é a Beleza que entrelaça todas as sefiroth entre si.
Netsah, a número sete, a Vitória, é a energia que produz todos os mundos manifestados; e a oito, Hod, a Glória, encarrega-se de reabsorver estes mundos aparentes novamente na Unidade; Yesod, a nona, é o Fundamento que equilibra as duas anteriores; e finalmente Malkhuth, a número dez, o Reino, constitui o descenso de Kether ao mundo material e representa a Onipresença e Imanência divina em todas as coisas.
Daath é uma sefirah oculta, invisível, que se encontra entre Tiphereth e Kether. Daath representa o abismo que separa a nossa percepção dual da percepção uma. Acima do abismo de Daath não há dualidade, abaixo do abismo tudo é dual.
Até aí tudo bem, mas…e os Orixás?
Muita gente esquece que o Egito fica na África e que os cultos antigos africanos tiveram origem nas mesmas fontes que o culto judaico (e posteriormente Cristão e Católico).
Desta maneira, a estrutura dos Orixás é baseada nos mesmos arquétipos universais que regem todos os princípios psicológicos humanos, representados diretamente na Árvore Sefirática.
A correspondência do Panteão Africano com a Árvore Sefirática é apresentada ao lado.
Pra quem sentir falta de Oxumarê, Obaluaê ou Ossain, estes representam aspectos diferentes do elemento Terra e estariam junto na sefiroth MALKHUTH, com Omulú.
Apresentada a Kabbalah e sua correspondência com os Orixás, vamos prosseguir.
A Cruz Cabalística (No RMPU foi chamada de Cruz Umbandista)
Praticamente toda cerimônia esotérica ou ritual de magia começa com a limpeza do ambiente onde se vai operar. Da mesma maneira que um médico não vai fazer uma cirurgia em um local contaminado, um magista não fará uma cerimônia em um ambiente astralmente sujo.
Um dos rituais mais importantes de todos, se não for “O” mais importante de todos, é o chamado Cruz Cabalística. É este ritual que demarcará no Plano Físico, espiritual, emocional e mental os limites do trabalho magístico e da vontade do mago naquele momento.
A Cruz Cabalística serve como elo de ligação entre o Magista e o Universo, buscando energias de todas as sephiroth para abastecer todos os rituais que serão realizados em seguida.
Este ritual é a origem do famoso “sinal da cruz” dos cristãos, que seria uma versão bem mais simples e reduzida de poder deste ritual de proteção e invocação de energias. A Cruz começa e termina qualquer trabalho dentro da Árvore da Vida, inclusive o ritual do pentagrama.
Na figura ao lado a Cruz Umbandista é representada em vermelho sendo circundada pelos pontos cardeais em amarelo. Em azul está representada Yemanjá, que visualizamos nos protegendo com seu manto.
E é isso!
Espero ter dado um pouco mais de sentido ao RMPU. Porquê eu não sei, só sei que é assim…
kkkk, parece que qto mais eu leio, mais eu complico rs* Mas vamos chegar lá.
Andréia, na verdade o RMPU é mais simples que parece.
Este post apenas mostra de onde foi adaptado o RMPU; que não é algo inventado e sim fundamentado.
O que precisamos aprender é apenas:
1 — A Cruz Umbandista, com os Orixás Ibeji, Omulú, Ogum, Oxóssi e Oxalá;
2 — Desenhar os Pentagramas com os Orixás Oxum = Leste, Iansã = Sul, Xangô = Oeste e Exú = Norte;
3 — A invocação dos Arcanos (a minha frente…);
4 — Visualizar-se coberto pelo manto de Yemanjá;
5 — Visualizar as Estrelas de 6 Raios de Xangô (uma em cima e outra em baixo com um feixe de luz azul preenchendo tudo), que é igual a que o caboclo Tupynambá risca no chão;
6 — Repetir a Cruz Umbandista.
Simples assim…
Pra ajudar, no dia vou fixar na parede umas “colinhas” que vão nos facilitar um pouco as coisas (sujestão do Tiago); não conta pra ninguém…