Neste final de semana (só agora, pois o filme é de 2005) assisti ao filme Cafundó, com Lázaro Ramos encenando a vida de João de Camargo, religioso brasileiro nascido em Sarapuí / SP em 1858. Considerado como santo popular, milagreiro e preto-velho, nasceu escravo e recebeu muitas influências religiosas: africanas, através de sua mãe, Nhá Chica e católicas através de sua sinhazinha Ana Teresa de Camargo e do padre João Soares do Amaral. Através dessas influências, sua fé tornou-se uma espécie de sincretismo entre várias religiões; um exemplo muito próximo do panorama religioso da época que precedeu o que mais tarde viria a se transformar na Umbanda.
Liberto após a Lei Áurea, mudou-se para Sorocaba / SP, onde foi cozinheiro, militar, trabalhador de lavoura e de olarias.
Nhô João, como mais tarde viria a ser chamado, segundo seus devotos, já praticava curas desde 1897. Porém, durante a vida, teve muitos problemas com o alcoolismo, que o impediriam de assumir plenamente sua missão. Em 1906, teria tido uma visão que o fez “renascer”, curou do vício na bebida, fazendo-o dedicar-se completamente ao projeto de criar a Igreja do Bom Jesus do Bonfim das Águas Vermelhas, no distante bairro das Águas Vermelhas.
Processado por curandeirismo em 1913, Nhô João decidiu, para proteger a nova religião, registrá-la oficialmente como Associação Espírita e Beneficente Capela do Senhor do Bonfim, reconhecida como pessoa jurídica em fevereiro de 1921. Aqui você pode ler sua biografia por Adilene Cavalheiro.
De grande valor histórico, sua biografia contada no filme é realmente comovente e inspiradora. Aconselho a todos os que puderem, assisti-lo. Vale muito!