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Cuidado Médiuns! (e obreiros em geral)

Nosso querido Pai Joaquim constantemente nos avisa sobre a atenção que devemos ter em nossos dias.  Nos fala sobre os perigos que nos espreitam diariamente ao colocarmos os pés fora da proteção de nossos lares sagrados.  Sempre nos lembra do poder da oração, de contarmos até 10, de vigiarmos nossos pensamentos.  Os desvios que se apresentam em nossos caminhos nem sempre estão sinalizados, sendo muitas vezes camuflados com maestria.

Hoje, visitando o blog Autoconhecimento & Liberdade ví o texto Ascensão e Queda de um Médium que se encaixa perfeitamente dentro deste contexto.  Aí, me lembrei de outro texto que ilustra bem a astúcia com que se apresentam tais “armadilhas”.

Com a palavra: Irmão X

Festas

Filipe Simas renasceria com a missão de impulsionar a Verdade. Prometera aos Espíritos Superiores  acolher-lhes o ensinamento, dosá-lo e distribuí-lo com a multidão.

Várias vezes, antes do berço, visitou, em companhia de grandes instrutores, o local em que receberia a tarefa.

E vira, de perto, a enorme cidade em que lhe soaria a palavra como trombeta do Céu.

Começaria o apostolado através do verbo fulgurante, e terminá-lo-ia com o lançamento de alguns livros em que os Mensageiros Divinos expressassem preciosa síntese da realidade maior.

À face dos abençoados compromissos, Rimas nasceu e criou-se, iniciando o trabalho com geral admiração.

Muito jovem ainda, falava arrebatando quem o ouvisse. Benfeitores invisíveis ocupavam-lhe a garganta, transformada então em tuba sublime, e o conceito edificante lhe jorrava da boca. Assemelhava-se, nesses instantes, a cascata de luz.

Legiões de pessoas escutavam-no, emocionadas. Senhoras reconhecidas beijavam-lhe as mãos e companheiros respeitáveis abraçavam-no, comovidos.

Todavia, os Espíritos acomodados às sensações inferiores da existência física mostravam-se incomodados. As preleções de Simas mudavam a vida mental da maioria de quantos encarnados eles se haviam habituado a vampirizar.

Agindo por sindicato de exploradores, reuniram-se em estudo.

Como remover o embaraço?

A princípio, improvisaram dificuldades. No entanto, as dificuldades como que lhe infundiam recursos novos. Simas orava e colhia forças. Invadiram-lhe, então, o reduto familiar. Inexplicàvelmente, os irmãos lhe atiravam ironias em rosto.

O missionário, contudo, cobrava energias na prece.

Era como se vivesse ligado à Esfera Superior, à maneira de escafandrista do Mundo Espiritual, captando-lhe o sagrado oxigênio da inspiração.

Os perseguidores sutis inventaram processos novos… Tentações variadas, cargas fluídicas em forma de dor, deserção de amigos, incompreensões, sarcasmos, prejuízos, mais amplas trincas domésticas…

Mas Filipe continuava falando. Palavra altissonante, reeducativa. E, como consequência, surgiam atitudes de conversão, intercâmbio de livros nobres, renovações, vidas transfiguradas e lares reconstruídos.

Reagruparam-se os adversários ferrenhos e, na assembléia, falou um deles mais experiente :

– O rapaz já cheirou dinheiro grande?

E as respostas vieram:

– Sim… sim…

– Já foi experimentado em prazeres diversos?

– E mostrou-se indiferente…

Lutas familiares?

– Venceu as maiores.

– Calúnias?

– Aproveitou-as, fazendo-se herói…

O técnico em assuntos da sombra pensou algum tempo e lembrou :

Festas! Já foi testado em homenagens pessoais?

E o grupo todo:

– É… é… ainda não…

– Experimentem – disse o astuto opositor –, pouquíssimos se livram…

Começou para Simas uma época nova.

Os amigos, como se animados de furor admirativo, passaram a requisitá-lo. Apoio e demonstrações de apreço por toda a parte. Era o homem das festas inaugurativas. Nada se fazia sem ele, em matéria de atas sociais. Vistoria inicial de templos espíritas comediantes, almoços de confraternizarão, reuniões comemorativas, viagens de longo curso para atender a convites honrosos, ágapes familiares, passeios no campo, preitos de ternura, recheados de flores…

E Simas falava, comovendo. Aplausos e lágrimas.

E explodiam novos convites… Jantareis íntimos, conversações confidenciais, auditórios fiéis, amigos revezando-se em ofertas afáveis… Automóveis, aqui e ali, à disposição. Retratos a rodo, álbuns de viagens, recortes de jornais em que seu nome ganhara citação. Relatórios cordiais pela noite a dentro, visitas intermináveis… e, com isso, a gula festiva.

Onde Filipe estivesse, surgia a mesa. Lanches, sequilhos, viandas, licores… Muita gente do séqüito sabia de antemão: Simas, chegando, comezainas à farta. Como complemento aos licores inofensivos, havia para o grupinho mais íntimo as “bombas” alcoólicas.

Com alguns poucos anos, arrancado ao cultivo da reflexão e ao hábito salutar da leitura nobre, Simas era dono de conversação rotineira.

Repetia casos, repisava conceitos sem refundi-los. De tanto aceitar homenagens enfeitadas por mãos quituteiras, acostumara-se ao prato grande.

Fizera-se gastrônomo exigente. E, decerto, em razão da gordura excessiva, não mais agüentava servir os longos comentários edificantes. Nada além de cinco minutos. Cansava-se, dizia-se portador de várias moléstias, afirmava-se em provação.

Antigos bajuladores não tinham, agora, mais tempo de cortejá-la. E, muito antes dos dias previstos para os livros reveladores, Simas, vencido, tornara-se um trapo de gente, viciado em comprimidos para dor de cabeça.

Quando o vi, pela última vez, era um homem afônico, neurastênico. Rixava com a esposa. Clamava contra a gripe, contra a chuva, contra a umidade e contra o vento. E, não longe, dois antigos adversários de sua missão, já fracassada, diziam, irônicos, entre si:

– Que fazer para levantar Simas de novo?

– Façamos festas! Uma festa é o remédio ideal.

E riam-se às escâncaras.

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do livro Contos Desta e Doutra Vida – Chico Xavier / Irmão X

 

Este post tem um comentário

  1. Cassia

    Já li e reli este texto várias vezes, mas é impressionate como nunca fica fora de”moda” principalmente nos dias de hoje, ainda existem muitas pessoas que se deixam levar pelo orgulho e ostentam o poder, claro um falso poder. É incrível como os espiritos zombeteiros são mais astutos e observadores, fica muito mais fácil desvirtuar dessa forma.
    As vezes me pego pensando…será que tudo que estou passando e já passei são testes para a minha evolução espiritual ou é só carma mesmo?
    È melhor deixar para lá, nem procurar saber, acho que posso me decepcionar com a resposta…
    porque se for evolução espiritual ótimo, mas se for carma, ai sim é triste.
    Seja de que modo for, tenho uma certeza, tenho que fazer o meu melhor, para não deixar esses espiritos falarem mais forte, e sim seguir os ensinamentos do nosso ‘Mestre Jesus’ e do nosso querido “Pai Joaquim” que tanto nos orienta, não dando abertura para desmoronar nossa existência, e sim fazer valer apena essa vida!!!!!

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